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Mulheres no TDAH

Como o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade pode afetar tanto a vida das mulheres que o possui? Não é apenas uma distração? Há estudos relacionados aos níveis de hormônios na menstruação com os sintomas do transtorno? Respondo algumas dessas dúvidas e mitos que ainda perpetuam pela sociedade.

É necessário que primeiro entendam como funciona o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade. O TDAH é um transtorno neuropático que se desenvolve desde criança e não tem ‘cura’, lidamos com ele ao longo da vida. Quando estamos na infância as estruturas cerebrais sofrem com um atraso em seu desenvolvimento no sistema de autogerenciamento cerebral. Esse sistema é responsável pelo controle emocional e uma habilidade chamada ‘memória de trabalho’. Essa memória é nada menos que o conjunto de processos que nos permitem armazenar, lembrar e manipular as informações temporárias que o cérebro recebe (uma memória de curto prazo). Além disso, as redes cerebrais de um TDAH têm dificuldades para juntas fazerem uma conexão. Uma rede de neurônios realiza o trabalho de conectar diferentes partes que posteriormente serão responsáveis pelas atividades cognitivas do cérebro: foco, leitura, escrita. Entretanto em pessoas TDAH, algumas redes neurais levam mais tempo para se desenvolver, possuem algumas falhas, são menos eficientes, etc. Essas redes cerebrais, são compostas por células cerebrais, responsáveis pela transmissão de informações entre neurônios, que também detêm falhas na transmissão de produtos químicos (neurotransmissores), entre eles a dopamina. Por exemplo, pessoas com TDAH já nascem com um nível inferior de dopamina no cérebro.

Entendendo como nosso cérebro funciona estruturalmente, precisamos esclarecer os tipos existentes de TDAH, a descoberta desses sintomas foi essencial para a inclusão do diagnóstico em mulheres. Existem três tipos:

- Predominantemente Desatento: dificuldade em finalizar tarefas, seguir ordens e instruções, dificuldade em se concentrar, introvertidos, ansiosos, distraídos, esquecidos, desorganização mental e ao seu redor.

- Predominantemente Hiperativo-Impulsivo: inquietação, interromper as pessoas na fala, irritabilidade, impulsividade nos atos/falas. Sintomas que mais são perceptíveis pelas pessoas em seu redor.

- Desatento e Hiperativo-Impulsivo Combinado: distração, agitação, impulsividade. Basicamente todas as características dos tipos anteriores juntas.

Os primeiros estudos clínicos sobre o TDAH começaram na década de 1970. Motivados pela dificuldade em lidar com crianças que, posteriormente diagnosticadas com o TDAH tipo Hiperativo-Impulsivo, seus estudos eram baseados principalmente em meninos; até então não era nem cogitada a ideia de que meninas e mulheres também poderiam sofrer com o transtorno. A Dr. Ellen Littman, autora de ‘Understanding Girls With ADHD”, relata que os resultados dessas pesquisas em meninos serviram de base para novos estudos sobre TDAH, relacionaram que o sintoma principal (hiperatividade) era a base do transtorno e apenas o sexo masculino apresentava. Umas das razões pela vivência feminina quanto a hiperatividade ter sido negligenciada (ainda é), é a diferença de como se apresenta, de acordo com Patricia Quinn, diretora do Centro Nacional de Garotas e Mulheres com TDAH e autora de “Understanding Women With ADHD”,

Apenas em 1980 um novo critério de identificação surgiu, descobriram a existência do Tipo Desatento, distração sem a hiperatividade acompanhada. Littman relata que após tal validação, o número de casos de diagnósticos femininos subiu, em contra partida as clínicas continuavam tratando prioritariamente os homens. Sempre somos lembradas que o viés ideológico vem primeiro que nossa saúde.

Outro importante fator que a autora Littman traz em seu artigo, são os papeis de gênero relacionados ao sexo e como eles dificultam desde o diagnóstico até o tratamento. Desde muito cedo é imposta as expectativas sociais relacionadas aos gêneros, para as mulheres é esperado um comportamento padrão: acomodar a necessidade dos outros, ser passiva, educada, trabalhar cooperativamente, ser arrumada, organizada, etc. Principalmente na infância, meninas com TDAH já tendem a ‘fugir’ da regra, não aceitam a conformidade pois não é algo instintivo, elas ainda não aprenderam funcionalmente; entretanto a vergonha, medo e o sentimento de se sentir deslocada, a torna mais reclusa.

Compensamos nossas diferenças com esforços maiores seja em âmbito acadêmico, social, no trabalho; esforços que passam despercebidos, pois o que importa é o produto final, o elogio e a aceitação que procuramos. Desde cedo somos constantemente criticadas pelas nossas atitudes, que em sua grande maioria não temos noção das consequências; não é birra, o cérebro TDAH por ser ‘atrasado’ em aprendizagem emocional não consegue fazer a ligação entre causa x consequência tão rápido, e por uma questão de impulsividade excessiva não nos impede de realizar ações e falas que podem interferir no outro. Por sempre acharmos que estamos perdendo algo, e por ser esperada essa postura passiva, organizada e paciente das mulheres no social em geral, mulheres TDAH vão se fechar e fazer de tudo para que esse ‘defeito’ não se torne algo real, como se fosse distração temporária. Essas meninas veem seus problemas em priorizar, organizar, coordenar e prestar atenção como falhas de caráter. Ninguém lhes diz que é neurobiológico. Uma pesquisa feita pela Harris Interactive reafirma isso, pelas mulheres ‘sofrerem silenciosamente’ ou demonstrarem menos sintomas justamente pela nossa ânsia de validação social, o fracasso em reconhecer esses problemas resulta em um tratamento ineficiente ao longo da vida.

Bom, mulheres TDAH tendem a sofrer mais dos sintomas emocionais justamente pela alteração hormonal gerada pela menstruação. Mas acredite, esses estudos são extremamente recentes. As pesquisas haviam se iniciado com o propósito de descobrir se em homens, os sintomas tinham alguma relação com o testosterona (altos níveis pode afetar os circuitos cerebrais causando mais sintomas), ao final descobriram que ao longo dos anos, os sintomas do TDAH podem diminuir em homens. Porém em mulheres, o contrário acontece.

Digamos que para cada época de desenvolvimento hormonal feminino, o TDAH influencia de uma maneira diferente. Foi descoberto que na época da adolescência, normalmente no início da puberdade entre 10–14 anos, os “hormônios furiosos” sendo progesterona e estrogênio se encontram em níveis altos. Essas meninas com TDAH vão ter um comportamento mais agressivo, maiores problemas acadêmicos, taxas mais altas de depressão do que meninas neurotípicas (quem não possuiu nenhum transtorno mental).

Posteriormente, quando a adolescente já tem o ciclo menstrual funcional, durante as primeiras duas semanas dos 28 dias (fase folicular) os níveis de estrogênio aumentam, enquanto os de progesterona abaixam. O estrogênio promove a liberação dos neurotransmissores de bem-estar, serotonina e dopamina, no cérebro. Essa seria a fase tranquila para a mulher TDAH, ela fica mais feliz, consegue iniciar projetos, se torna mais hiperativa em realização de tarefas. Posteriormente, quando os níveis de estrogênio abaixam, os sintomas de TPM se agravam, a mulher TDAH sente maior irritabilidade, baixa autoestima, depressão, fadiga, inconsistência emocional, ansiedade, pânico, tendem a ficarem mais distraídas, esquecidas, é o verdadeiro pesadelo.

Durante a gravidez, praticamente todos os níveis hormonais mudam, pela criação de mais hormônios devido à placenta. À medida que os níveis hormonais aumentam nos primeiros meses de gravidez, as futuras mães com TDAH experimentam fadiga, alterações de humor e ansiedade. Mas, à medida que os níveis de estrogênio aumentam à medida que a gravidez avança, muitas mulheres com TDAH dizem que se sentem melhor. E ao final da gravidez, após o parto, mulheres com TDAH tendem ter mais sintomas de depressão do que mulheres neurotípicas, devido justamente a brusca parada da produção de estrogênio.

Ao final, durante a menopausa os níveis de estrogênio caem cerca de 65%, uma queda gradual ao longo de 10 anos. Nesse tempo a perda de estrogênio leva a diminuição dos neurotransmissores do ‘bem-estar’, e mulheres TDAH que passaram por isso relatam maiores lapsos de memória, pensamentos confusos, tristeza profunda, irritabilidade, ansiedade extrema, etc.

Mesmo com todas essas especificidades femininas que precisam de uma atenção maior, as pesquisas focadas em mulheres com TDAH foram introduzidas no meio acadêmico-social apenas no século vinte e um, sendo o tratamento e diagnóstico realizado em mulheres mais precário em comparação aos homens. Segundo Patricia Quinn, a idade média do diagnóstico em mulheres, que não foram diagnosticadas quando criança, é de 36 a 38 anos; enquanto o diagnóstico masculino, em sua maioria é realizado entre 9 a 12 anos. É imprescindível a questão da diferença entre sexos e papeis sociais para conseguirmos compreender a negligencia feminina ao longe dos anos — mulheres também são associadas a imagem de mais distraídas por serem mais passionais; e como as expectativas impostas pelo gênero são um fator crucial na construção da autoestima, comportamento, sociabilidade de um TDAH — em sua maioria, mulheres mascaram suas falhas para os demais e se tornam mais quietas, enquanto homens são mais explosivos com suas frustrações e hiperativos, ambos não tem a estrutura emocional necessária para se entender, compreender seus impulsos e o seu redor, mas um recebe maior auxilio e empatia do que o outro (nem preciso dizer qual). Lutamos pela nossa validação e reconhecimento, pois só assim vamos ter nossa voz, precisamos de melhores tratamentos, mais pesquisas clínicas, mais auxilio, melhores diagnósticos. Mulheres com TDAH existem.

REFERÊNCIAS

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